“Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 6.26)
Deus é o doador de todas as dádivas, de tudo o que temos e de tudo o que somos. Quando Deus terminou a obra da criação, viu que tudo era muito bom. A Terra era boa, o ar era puro e a água era fresca, toda comida que a terra produzia era saudável. Deus deu-nos a Terra para tirarmos o sustento, o necessário para viver de forma digna, para termos bem-estar e fartura. Deus também nos deu a tarefa de cuidar de sua criação. No entanto, o ser humano desviou-se do propósito original de Deus e hoje vive correndo atrás de coisas sem valor, que causam preocupação, ansiedade e sofrimento.
Jesus prega contra a preocupação e a ansiedade devido ao cuidado de Deus para conosco. Nosso Pai celestial, que está sempre atento às nossas necessidades diárias, dá-nos dia após dia o que precisamos, respondendo ao pedido pelo pão nosso de cada dia. Pão nosso de cada dia, segundo o que Martinho Lutero escreveu no Catecismo Menor (1529), é “tudo o que se refere ao sustento e às necessidades da vida, como, por exemplo: comida, bebida, roupa, calçado, casa, lar, meio de vida, dinheiro e bens, marido e esposa íntegros, filhos íntegros, empregados íntegros e fiéis, bom governo, bom tempo, paz, saúde, disciplina, honra, amigos leais, bons vizinhos e coisas semelhantes”. Para ilustrar esse cuidado de Deus, Jesus usa como exemplos os passarinhos e as flores do campo, que são belos e frágeis e recebem toda a atenção do Criador.
Percebemos tudo o que Deus nos dá? Algumas vezes é preciso aprender a ver com novos olhos. Vou citar um trecho de uma conversa de Sherlock Holmes, o famoso detetive que desvendava crimes misteriosos, personagem criado por Arthur Conan Doyle. Holmes tinha um célebre parceiro, Dr. John Watson. Veja este diálogo entre o detetive e o seu parceiro e avalie com qual deles você mais se parece:
Holmes: Watson, você vê, mas não observa. A diferença é clara. Por exemplo, você tem visto frequentemente os degraus que conduzem ao corredor desta sala.
Watson: Sim, frequentemente
Holmes: Quantas vezes?
Watson: Bem, umas cem vezes, eu acho.
Holmes: Então quantos degraus são?
Watson: Quantos? Eu não sei!
Holmes: Aí está! Você não observou, e, no entanto, viu. É exatamente neste ponto que desejo chegar. Pois bem, sei que são dezessete degraus, porque não somente vi, mas observei.
Holmes trabalha esse problema de modo semelhante ao que Jesus fez em Mateus 6.25- 34. Existe uma enorme diferença entre ver e observar. Quando elevamos nossos olhos aos céus ou contemplamos a natureza, não é muito difícil encontrar pássaros e flores ao alcance da nossa visão. Estamos tão acostumados com sua presença que lhes damos pouca atenção. Nosso Senhor nos convida não apenas a ver, mas a observar com atenção as aves e os lírios.
Se observarmos, vamos aprender com as aves, elas nos ensinam a ser menos ansiosos e mais confiantes. Menos ansiosos e mais livres para voar. Menos preocupados e mais atentos aos cuidados do Pai amoroso, misericordioso e bondoso. Atualmente, as pessoas sofrem antecipadamente por coisas que muitas vezes nem se tornam realidade. O amanhã ainda não nos pertence. O dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades (Mt 34).
Procure observar as numerosas evidências ao seu redor do cuidado abundante de Deus para com você. A cada dia somos convidados a fortalecer a nossa relação com Deus por meio de súplicas, orações, intercessões e, principalmente, por ações de graças por seu imenso amor revelado em Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador.
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Revª Denise do Nascimento Coutinho
Pastora Auxiliar da Primeira IPI de São Paulo